Eu Enganei o CLJ



Em qualquer esporte, a tese mais conhecida de todos os técnicos e da diretoria é a que o time precisa saber, quando perde, porque perdeu, e saber, quando vence, porque venceu. Esta última, contudo, é a mais importante para que a tão desejada vitória se repita.
E vocês sabem que no CLJ (e no EJC, e no Cenáculo, e no Onda, e no ECC) essa máxima também vale?
Confesso pra vocês que assim como fui enganado pelo CLJ, eu, muitas vezes – e até sem saber –, tentei dar troco. Tentei enganar o CLJ. E presenciei muitos fazerem o mesmo.
Explico.
Os grupos de jovens – especialmente o de jovens – atraem pessoas com problemas familiares, com dificuldade de aceitação na roda de amigos e na sociedade, com necessidade de reconhecer a si mesmo. O CLJ cumpre num primeiro momento, portanto, uma nobre função social: a de elevar a auto-estima da gurizada, fazendo-os enxergar valor naquilo que são, naquilo que fazem, naquilo que acreditam. Isso tudo – é importante que se deixe claro – sem exigir em troca qualquer bem ou quantia em dinheiro. É fundamental que se registre essa diferença elementar entre esta proposta da Igreja Católica e muitas outras que nos são ofertadas por aí, e que estão presentes até nos centros das grandes metrópoles. Antes mesmo de catequizá-los, de convertê-los, o CLJ é uma instituição sem fins lucrativos, voltada à inclusão. E eu não precisaria repetir aqui que constatações como essa só aumentam minha admiração e minha paixão por este Movimento.
 
Mas e quando enganamos o CLJ?
Quando, pecadores que somos, nos aproveitamos dessa nova fase de auto-estima em alta e alimentamos nosso próprio orgulho, buscando interesses individuais, lançado mão de ferramentas como o egoísmo, a fofoca, o julgamento e a autopromoção. Ou você nunca foi testemunha de jovens que cantavam mais para mostrar a voz do que para louvar? Ou você nunca conviveu com coordenadores de equipes que mais pareciam políticos angariando votos e menos lideres pela causa de Cristo? Ou você nunca conheceu ninguém que confundia aumento de responsabilidade com aumento de glamour?
Amigos em Cristo, isso é enganar o CLJ!
Felizmente, as bases fortes do Movimento impediam, no meu tempo, essas práticas de prosperar. Imagino que ainda hoje as impeçam. Nunca mais esqueci o que o Pe. Flavio Canisio Steffen, então diretor espiritual de um curso aqui em Canoas, me disse, acho que em confissão: “Juliano, Deus não condena o pecador, mas é implacável com o pecado.” E por condenarmos o pecado, sem nunca perder a esperança no pecador, é que ajudamos este Movimento a prosperar. Porque o mesmo jovem que um dia canta para que o elogiem, um dia cantará por Deus e encherá os olhos de alguém de lágrimas. O mesmo que luta por causa própria um dia canalizará todo seu talento de comunicador para fazer daquele retiro o melhor retiro de todos. E o mesmo que deseja ser admirado como coordenador, um dia voltará para casa agradecendo a Deus por ter contribuído para a conversão de muitos apenas limpando o chão e os banheiros da casa onde o curso foi realizado.
Como no futebol, como no vôlei, também no CLJ é importante que saibamos porquê vencemos. Digo com a convicção de quem já venceu e de quem já viu muitos vencerem em Cristo: o segredo está no que entendemos por doação, por caridade. O segredo da vitória em um momento de espiritualidade, em uma palestra ou em um curso de três dias está em fazer com amor, não esperando absolutamente nada em troca. Se precisamos saber porquê vencemos, voltemos nosso olhar para a Eucaristia e sigamos o seu inesquecível exemplo de doação. Cristo entregou, sacrificou e consagrou seu corpo e sangue em nosso favor. Não desejou a fama, não desejou o reconhecimento, não desejou uma coroa mais brilhosa e dourada. Buscava naquele gesto simplesmente a nossa felicidade. E só por isso, costumo dizer, dividiu a nossa historia – e até a dos ateus – em A.C. (antes de Cristo) e D.C. (depois de Cristo).
A tentativa de enganar o CLJ é a explicação para a derrota, se querem saber. Somos todos apóstolos, operários da grande messe. E o Espírito Santo é que nos capacita para que façamos o melhor de nós e nos prepara para que esperemos em troca do esforço a melhor das recompensas: a conversão do próximo.

 

Fonte: Blog https://uzina.wordpress.com/
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